segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Desilusão Versus Extremismo

No próximo dia 6 de Novembro, os norte-americanos irão optar entre dois distintos programas governamentais. A escolha é entre o programa de Barack Obama, um presidente que, neste primeiro mandato, se mostrou uma desilusão face às expectativas que gerou, e o progrma de Mitt Romney, um candidato cuja enorme riqueza se deve, essencialmente, à finança especulativa, à deslocalização de empregos e aos paraísos fiscais, nomeadamente as Ilhas Caimão. Neste ponto, é irónico constatar que os malabarismos do sistema financeiro norte-americano, que levaram a uma crise de dimensão astronómica, não impedem que um homem que as praticou possa, agora, candidatar-se à Casa Branca, afirmando que tem a melhor fórmula de resolver o caos. É ainda mais irónico constatar que essa fórmula contém em si os principios causadores da grande crise financeira. No entanto, como sabemos, os interesses financeiros manipulam diversas realidades, nomeadamente os órgãos de comunicação social.

Paul Ryan, candidato republicano à vice-presidência, delineou um programa a que Mitt Romney se associou entusisticamente, no qual a taxa fiscal máxima é reduzida para 25%, um minimo histórico nunca visto desde 1931, e as despesas miliatares significativamente aumentadas. Ou seja, o programa republicano pretende delegar à caridade as funções sociais do Estado, como seja a assistência médica aos mais pobres, que, caso fosse implementado, teria uma redução de 78%!
Este radicalismo de direita protagonizado pelos republicanos, embora Romney o tenha tentado disfarçar nos debates presidenciais, serve de esperança a Obama para a conquista do segundo mandato. De facto, a governação de Obama carece de grandes trunfos, apesar de o Presidente responsabilizar a maioria parlamentar republicana pela ausência das medidas que o eleitorado progressista espereva que adoptasse.

Sendo assim, num sistema bipartidário onde ambos os partidos carregam um conjunto de clientelas exigentes e insaciáveis, recai sobre os eleitores a escolha entre o mau e o menos mau. Porém, essa diferença é verdadeiramente substancial. Em bom rigor, uma vitória do partido republicano significa um acrescento de poder ao neoliberalismo, ao fundamentalismo cristão e à mentalidade belicista ocidental. E as consequências que isso traria para a Europa são expectáveis, como o fortalecimento da direita anti-islão.

Em suma, mais do que querer Obama na Casa Branca, não quero ver um ultra-conservador à frente da, ainda, super potência mundial.

Publicado no jornal online ptjornal, em 04/11/2012

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