segunda-feira, 20 de agosto de 2012

De Agosto à realidade

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No mês de Agosto, a grande maioria das pessoas afasta-se da realidade económica quotidiana, o que é perfeitamente natural, até por questões de sanidade mental. Ainda assim, numa altura em que o mês vai a meio, vale a pena deitar uma breve olhadela ao que se vai passando em Portugal e na Europa.

Sector financeiro

Muitos bancos estão já a antecipar uma nova descida nas taxas de juro praticadas pelo BCE, devido, entre outros motivos, às recentes declarações de Mario Draghi. Assim, a Euribor, que actualmente está num dos níveis mais baixos de sempre (0,75%), deverá descer ainda mais. Note-se que a Euribor a um mês está a ser negociada a 0,13%, o que representa um valor muito baixo à semelhança do que acontece com a Euribor a seis meses, muito utilizada como indexante no crédito à habitação, que está a ser negociada a 0,65%.
Infelizmente, esta realidade não trás grandes vantagens aos portugueses porque os spreads praticados pelos bancos atingem valores astronómicos, o que afecta seriamente as famílias e as empresas. Ainda assim, as pessoas que tenham créditos à habitação antigos beneficiam desta descida da Euribor porque gozam de spreads com uma taxa comportável, ao contrário do que acontece com queira contrair crédito nesta altura.
Também as taxas de juro relativas à dívida pública portuguesa continuam com yields muito elevados a dez anos, rondando os 10 % .

Mercado petrolífero

O que vem pressionar mais o panorama negro que se vive em Portugal e na Europa é o aumento do preço do barril de petróleo, que já ultrapassou os 110 dólares em Londres, o que levará, muito provavelmente, ao aumento do preço da gasolina e do gasóleo. Certamente, esta tendência de aumento do preço do barril manter-se-á, uma vez que, por um lado, a instabilidade que se vive no extremo oriente agrava-se a cada dia que passa, e por outro lado, o furacão que passará pelo golfo do México trará consequências negativas para a extracção petrolífera.

Política da energia

Finalmente, para enegrecer ainda mais o panorama (quando pensamos que as coisas já não podem piorar afinal …), colocou-se nos últimos dias a possibilidade do gás e da electricidade ficarem mais caros. A razão para isto reside na medida que o Ministério da Economia está a ponderar aplicar para reduzir as suas despesas. Esta medida traduz-se na passagem dos custos de supervisão das concessões na área do gás e da electricidade para os consumidores, ao contrário daquilo que hoje acontece, onde esses custos ficam a cargo da Direcção Geral de Energia e Geologia.
Esta hipotética medida, a ser implementada, constitui mais um obstáculo que o governo coloca aos portugueses, parecendo estar a testar até ao limite a sua paciência. Acresce-se, ainda, o facto de esta medida contrariar o que a troika pediu relativamente à necessidade de aumentar a competitividade dos custos de energia portugueses. Parece que temos um governo mais troikista que a troika quando se trata de penalizar a vida dos portugueses, mas quando se trata de os beneficiar, o governo fica aquém da troika.


Publicado no jornal online "Letra1", em 14/08/2012

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Verbum Die (XX)

"Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade."

Carlos Drummond de Andrade