sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sentada


Numa planície verdejante atravessada por um pequeno rio límpido, descansa uma mulher sentada num imenso colchão de erva, olhando para a água a correr e a vida a passar. Leva a mão à cabeça e estende os seus cabelos para trás ao mesmo tempo que deita o olhar sobre o céu. Nele, vê as nuvens a passarem com a vida. Volta a pousar o olhar no rio, olha para a água cristalina e absorve-a o mais que pode. Tenta absorver toda a sua pureza, quer fazer parte da genuinidade daquilo que os seus olhos azuis vêem. Quer se sentir no outro lado de lá da natureza.
Levantando-se calmamente, ao ritmo de uma vagarosa brisa de ar fresco, aproxima-se do rio e ajoelha-se para o tocar e sentir. Pousando delicadamente as mãos na face para se refrescar, fica a olhar o seu reflexo que vai ficando cada vez mais nítido. Observa-se através do espelho da natureza, admira a sua beleza e juventude, admira os seus olhos, a sua boca, o seu nariz, os seus cabelos dourados, admira todos os seus traços faciais.
Um momento de vaidade que lhe trouxe ao pensamento a história de Narciso. Embora soubesse nadar, sabia muito bem a moral daquela história ancestral, levantando por isso a cabeça e lançando o olhar sobre a verde planície coberta de árvores que se erguiam dispersamente. Percebeu que fazia parte de um mundo, que era parte integrante de tudo aquilo que a rodeava. Era como uma daquelas árvores…
Senta-se com os pés a repousarem no rio, observa o seu movimento contínuo e ouve os seus sussurros. Pensa se aquilo que sente naquele momento será o mesmo que sentirá quando a juventude a tiver abandonado, levando consigo a vaidade. Dá por si, mais uma vez, a antecipar o futuro através de construções do passado. Então, percebe que é isso que a impossibilita de ser uma árvore. Afinal, estamos do lado de cá porque contamos o tempo. 

2 comentários:

Banda in barbar disse...

Mas este... (falta o adjectivo...fascista demagogo bufo etc ...está tudo louco?

a última pressupõe que o dito cujo se acha são...o que é perigoso
principalmente para os outres

movimento contínuo é uma efabulação
infantil de perpetuação e negação da morte
ou das evidências da vida

FAÇA O SEU PRÓPRIO FLUVIÁRIO SEM FAZER MUITA FORÇA disse...

Deste orbe torpe ferino?