terça-feira, 17 de abril de 2012

Jean-Luc Mélenchon, um sinal de unidade à esquerda

    À esquerda de François Hollande, candidato do Partido Socialista francês, Jean-Luc Mélenchon tem sido, através do seu carisma, a grande revelação da campanha eleitoral para as presidenciais francesas. Tribuno por excelência, lidera um movimento chamado "Frente de Esquerda", que reúne socialistas dissidentes, comunistas, entre outras correntes de esquerda. Tem defendido uma revolução cidadã que acabe com o rumo ultra liberal da UE, propondo o fim do Tratado de Lisboa e do Pacto que fixa aos Estados da UE objectivos de equilíbrio orçamental. Afirma que, para acabar com a crise das dívidas soberanas e estimular o crescimento, é necessário criar um "Fundo de desenvolvimento social, ecológico e solidário", permitindo repartir os financiamentos com taxas de juro muito baixas entre os países da Zona Euro.
    Defende, também, o controlo democrático a que o BCE deve estar sujeito, para que este empreste dinheiro com juros baixos directamente aos Estados, ao contrário do que acontece actualmente, onde o BCE empresta aos Bancos e estes, por sua vez, emprestam aos Estados, alcançado, por isso, lucros exorbitantes. Relativamente à crise das dívidas soberanas, defende, como qualquer economista credível, a renegociação para os países em dificuldades: "A negociação deve incluir um reescalonamento dos reembolsos, a baixa das taxas de juro e a anulação parcial da dívida dos Estados. Só assim salvaremos a Europa."
    Ao contrário do que está em voga na Europa dominada pela direita, Jean-Luc Mélenchon preza por uma integração mais harmoniosa dos imigrantes, visando uma Europa universalista e não nacionalista. Desta forma, com um discurso forte e coerente, este candidato está cotado com 15% das intenções de voto, o que é extremamente positivo se considerarmos que no início da campanha contava apenas com 5%.
    Seria bom que os partidos socialistas europeus repensassem as suas acções, uma vez que se deixaram embarcar pelo projecto ultra liberal que a direita tem vindo a implantar na Europa. Em Portugal, com António José Seguro como Secretário Geral do PS, esse caminho não perece estar a ser feito, uma vez que este está disposto a assinar o tratado orçamental promovido pelo Alemanha, pautado pela mais pura ortodoxia liberal. 

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