sábado, 26 de janeiro de 2013

Ano novo, a mesma história


A época festiva que vivemos nestes últimos dias serviu para que, por momentos, nos abstraíssemos do inferno em que Portugal se tornou. Nesse momento de abstracção, o já pior governo da terceira República aproveitou para canalizar dinheiro dos contribuintes para mais um resgate à banca, desta vez para o Banif.
Desta forma, serão injectados mil e cem milhões de euros num banco que está avaliado em 570 milhões de euros. A acrescentar a mais esta facada nas costas dos portugueses, soubemos que o Estado, apesar de salvar mais um banco, não terá qualquer intervenção na sua gestão, servindo apenas para transferir o dinheiro de todos os portugueses para um banco em estado de pré-falência.
É difícil termos a percepção do que são mil e cem milhões de euros. Para isso, o melhor é fazer equivaler essa quantia a algumas das medidas governamentais. Ora, este valor é superior ao subsídio retirado aos funcionários públicos e é quase tanto como o valor que o Estado arrecadará com a sobretaxa de IRS. Assim, através de vários episódios a que vão assistindo, os portugueses vão percebendo que os gastos excessivos do Estado lhes são alheios, uma vez que são fruto de negociatas e da corrupção que graça num país com uma justiça plutocrática.
Foi dito que, através de fundos privados, haveria uma capitalização no Banif no valor de 450 milhões de euros. No entanto, para além de não existirem quaisquer garantias nesse sentido, os accionistas do Banif já deram a entender que dificilmente entrarão com mais dinheiro.
Não nos esqueçamos que, inicialmente, o BPN precisaria “apenas” de setecentos milhões de euros do Estado para, posteriormente, essa quantia alcançar os sete mil milhões. Certamente, o mesmo acontecerá com o Banif, cujas dificuldades eram perceptíveis há já algum tempo. Nos primeiros nove meses do ano de 2012, este pequeno banco teve imparidades no valor de duzentos milhões de euros, o que representa mais 43% que no mesmo período no ano homólogo.
Vítor Gaspar, um ministro que supostamente deveria representar o rigor e a transparência na gestão das contas públicas, prova, a cada dia que passa, que estamos a ser alvo de uma gestão danosa, onde os interesses dos contribuintes e dos grandes grupos económicos e financeiros são tratados de forma díspar. Sem considerações pessoais, o nosso ministro das finanças é um verdadeiro perigo à solta. A tríade Coelho, Gaspar e Relvas é um pesadelo cada vez maior e que ganha contornos surreais quando olhamos para a presidência da República e vemos Cavaco Silva.
O que é facto é que enquanto brindávamos ao novo ano, Gaspar injectava largos milhões de euros no banco que durante muito tempo serviu Alberto João Jardim e companhia. Um brinde ao rigor e… ao Excel! 

Publicado no ptjornal, em 06/01/2013 

Sem comentários: