terça-feira, 16 de outubro de 2012

Tout va très bien, Madame la Marquise

Se me pedissem para fazer a banda sonora de um filme sobre o actual Governo português, a música principal seria “Tout va très bien, Madame la Marquise”, uma velha música francesa recheada de humor. A letra desta música assenta num conjunto de conversas entre uma senhora nobre francesa, a Madame la Marquise, e os seus empregados que, perante a sua ausência, transmitem-lhe as novidades relativas ao seu “condado”. Ora, à medida que cada empregado vai contando uma desgraça, cada uma pior que a anterior, e a Madame la Marquise ficando cada vez mais espavorida, os empregados, após o anúncio de cada desgraça, clamam “… mas quanto ao resto, tudo vai muito bem Madame la Marquise.


O que este Governo faz é muito semelhante. Face às evidências de um país que a cada dia que passa se apresenta mais degradado, os nossos governantes mantêm um discurso completamente desfasado da realidade, insistindo em políticas que aceleram a degradação de Portugal. Tão inconscientes são os empregados da Madame la Marquise, como o Governo que nos desgoverna.


Contudo, felizmente, como escreveu o poeta Manuel Alegre, “mesmo na noite mais triste, em tempo de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”. Constatámos precisamente isso no dia 15 de Setembro de uma forma histórica, num dia em que, como cantou Zeca Afonso, o povo saiu à rua.


Constatámos isso também no dia 5 de Outubro, o dia da nossa República, através da organização do Congresso das Alternativas na Universidade Clássica de Lisboa, reunindo um conjunto significativo de personalidades de todo o país. Ali foram discutidos, ao longo de um dia inteiro, diversos temas relacionados com as nossas vidas, onde a palavra foi entregue a quem quisesse acrescentar algo aos debates.


Na emblemática Aula Magna da Clássica, lotada de cidadãos activos e preocupados com o estado do país, levantaram-se diversas vozes, conhecidas e anónimas, em nome de um Portugal melhor, ou seja, em nome de uma vida melhor para os portugueses. Lá estavam homens e mulheres partidários e apartidários, integrados em movimentos sociais ou não, estudantes e reformados, trabalhadores e desempregados, todos em nome de uma única coisa – Dignidade!


Publicado no jornal online "ptjornal", em 07/10/2012

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