quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Há vida para além do velho continente

Portugal, como outros países da Zona Euro, vive um interregno doloroso. O seu destino poderá assumir uma de duas formas: ou acabará por sair da Zona Euro − posição sempre defendida por algumas personalidades, designadamente o economista João Ferreira do Amaral −, o que nos permitiria readquirir o controlo sobre a nossa moeda; ou beneficiará de uma mudança de postura da Alemanha, o elo mais forte da zona euro, traduzida num reforço da integração económica europeia e na consequente introdução de uma política de transferências monetárias dos países excedentários para os países deficitários.

Não deixa de ser curioso notar que estas duas soluções correspondam a duas situações antagónicas. Isto é, ou passamos a viver numa Zona Euro mais integrada ou, por e simplesmente, abandonamo-la.

Não obstante, tão ou mais importante que esta questão é a construção de uma estratégia económica adequada para Portugal, garantindo-lhe uma travessia bem-sucedida pelo século XXI. Para isso, teremos que identificar os sectores nos quais Portugal possua vantagens competitivas.

Apesar de ser um leigo na matéria relativa aos recursos do mar, estou convencido que poderíamos aproveitar muito mais o facto de possuirmos um enorme território marítimo. Contudo, é certamente muito difícil para um povo descapitalizado como o nosso realizar investimentos no mar, uma vez que estes investimentos requerem quantias muito consideráveis. Sendo assim, seria indispensável que o poder político criasse mecanismos de financiamento aos projectos mais prometedores relacionados com o mar.

O reforço dos melhores portos portugueses é também uma questão central, já que desfrutamos de uma posição geográfica estratégica, permitindo-nos almejar alcançar uma posição de grande referência nas rotas comerciais marítimas e, por consequência, no abastecimento de bens à Europa.

Uma coisa é certa: Portugal não está condenado a ser a ponta de Europa, uma vez que há vida para além do velho continente, como percebeu o infante D. Henrique.


Publicado no jornal online "ptjornal", em 14/10/2012

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