sábado, 26 de maio de 2012

As eleições presenciais sérvias ditam uma mudança de poder


Depois de duas derrotas eleitorais perante o liberal Boris Tadic, em 2004 e 2008, Tomislav Nikolic conseguiu vencer à terceira tentativa, colocando os nacionalistas à frente do destino dos sérvios.

            Boris Tadic, o presidente cessante, reconheceu a vitória do seu adversário após tomar conhecimento dos surpreendentes resultados da segunda volta das eleições presidenciais - "Felicito-o pela vitória, foi merecida e justa, e desejo-lhe sorte", afirmou, num gesto que pode ajudar a aprofundar a democracia Sérvia. Tadic foi dos principais impulsionadores da adesão da Sérvia à União Europeia (UE), embora este processo ainda tenha um longo caminho a percorrer, cujo principal obstáculo se centra na complexa questão do Kosovo.
            Por sua vez, o novo presidente tem tido uma posição pouco esclarecedora em relação à UE. Antigo apoiante do ex-ditador Slobodan Milosevic, Nikolic contestou durante vários anos a aproximação da Sérvia à UE. Porém, recentemente, mudou de opinião e tornou-se num europeísta. Esta mudança de opinião ficou algo descredibilizada perante a aliança que Nikolic forjou com um partido claramente antieuropeísta, embora tenha afirmado diversas vezes que o rumo que a Sérvia tem tomado no sentido de se aproximar da UE não será alterado.
            Depois de uma primeira volta onde o novo presidente sérvio acusou o partido de Boris Tadic de fraude eleitoral, sem que os observadores eleitorais tenham notado qualquer indício nesse sentido, a segunda volta, marcada por uma forte abstenção, mostrou que os receios de Nikolic não tinham razão de ser.
            Começa, assim, uma nova fase para a Sérvia. “A Sérvia tem que desenvolver a sua economia, sair da pobreza e lutar contra a corrupção”, afirmou Nikolic em jeito de mote para o seu mandato. O presidente cessante, mostrou-se crente na perspectiva que a Sérvia não voltará aos anos noventa e continuará a encetar uma estratégia de aproximação à UE, factor considerado indispensável para vencer uma crise que está a aprofundar-se naquele país, marcado por um desemprego que se situa perto dos 24 % e por um salário médio que ronda os 350 euros. Note-se que, desde o início da crise global, o dinar Sérvio teve uma depreciação avaliada em 30% e a dívida um aumento de 16%. São números que representam bem o enorme desafio que a Sérvia tem pela frente. 

Publicado no jornal online "Letra1", em 25/05/2012

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