Depois
de duas derrotas eleitorais perante o liberal Boris Tadic, em 2004 e 2008,
Tomislav Nikolic conseguiu vencer à terceira tentativa, colocando os
nacionalistas à frente do destino dos sérvios.
Boris Tadic, o presidente cessante,
reconheceu a vitória do seu adversário após tomar conhecimento dos
surpreendentes resultados da segunda volta das eleições presidenciais - "Felicito-o
pela vitória, foi merecida e justa, e desejo-lhe sorte", afirmou, num
gesto que pode ajudar a aprofundar a democracia Sérvia. Tadic foi dos
principais impulsionadores da adesão da Sérvia à União Europeia (UE), embora
este processo ainda tenha um longo caminho a percorrer, cujo principal
obstáculo se centra na complexa questão do Kosovo.
Por sua vez, o novo presidente tem
tido uma posição pouco esclarecedora em relação à UE. Antigo apoiante do
ex-ditador Slobodan Milosevic, Nikolic contestou durante vários anos a
aproximação da Sérvia à UE. Porém, recentemente, mudou de opinião e tornou-se
num europeísta. Esta mudança de opinião ficou algo descredibilizada perante a
aliança que Nikolic forjou com um partido claramente antieuropeísta, embora
tenha afirmado diversas vezes que o rumo que a Sérvia tem tomado no sentido de
se aproximar da UE não será alterado.
Depois de uma primeira volta onde o
novo presidente sérvio acusou o partido de Boris Tadic de fraude eleitoral, sem
que os observadores eleitorais tenham notado qualquer indício nesse sentido, a
segunda volta, marcada por uma forte abstenção, mostrou que os receios de
Nikolic não tinham razão de ser.
Começa, assim, uma nova fase para a
Sérvia. “A Sérvia tem que desenvolver a sua economia, sair da pobreza e lutar
contra a corrupção”, afirmou Nikolic em jeito de mote para o seu mandato. O
presidente cessante, mostrou-se crente na perspectiva que a Sérvia não voltará
aos anos noventa e continuará a encetar uma estratégia de aproximação à UE,
factor considerado indispensável para vencer uma crise que está a aprofundar-se
naquele país, marcado por um desemprego que se situa perto dos 24 % e por um
salário médio que ronda os 350 euros. Note-se que, desde o início da crise
global, o dinar Sérvio teve uma depreciação avaliada em 30% e a dívida um
aumento de 16%. São números que representam bem o enorme desafio que a Sérvia
tem pela frente.
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