quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

As eleições presidenciais de 2011

Eis as eleições presidenciais de 2011. Motivo para nos concentrarmos mais nas respectivas candidaturas e, no momento de votar, orgulharmo-nos do nosso acto de cidadania.
Contudo,a abstenção terá, segundo o que todas as sondagens transmitem, um peso muito relevante, talvez muitíssimo relevante. A primeira questão a colocar é, porquê?
Seria preciso escrever um pequeno "calhamaço" para responder à questão. Porém, existe uma resposta sucinta, vaga e comummente aceite. A abstenção advém da descrença na decisão política. Digo na decisão política e não nos políticos porque entre estes pode haver quem tente devolver a crença às pessoas, apesar de não ter força para interferir solidamente naquela que é a decisão política. A descrença na decisão política é o resultado da corrupção nas esferas do poder e da sobreposição dos interesses pessoais e dos lóbis sobre o interesse colectivo, gerando, por consequência, a perspectiva de que a política mal executada é uma fatalidade.
Kant, um dos maiores pensadores ocidentais, disse, "Age sempre de tal modo que o teu comportamento possa vir a ser princípio de uma lei universal". Desta mensagem depreende-se que a renúncia ao voto seria uma catástrofe. A identidade europeia padeceria face à renúncia à democracia. Assim, coloco a segunda e última questão: porquê votar?
Proponho duas razões para responder a esta pergunta. A primeira exprime o facto de a resignação ser uma declaração de derrota. Abster-se é pecar pela cidadania, é resignar-se perante a preguiça ou perante o pessimismo conformista. A segunda razão centra-se na possibilidade de votar em branco. O voto em branco anula todos aqueles argumentos proferidos pelos que dizem não votar porque não gostam de nenhum dos candidatos. Se não gostam de nenhum dos candidatos, votem em branco, mas votem.
Dever-se-á prestar mais atenção e analisar com maior rigor o peso e a mensagem dos votos em branco. Atribuir-lhes maior relevância poderia ser um bom instrumento para combater a abstenção.
Como republicano, homenageio todos os monárquicos que escrevem no boletim de voto "Viva ao Rei", os quais, sabendo que o seu voto não será considerado válido, exprimem a sua posição política.
E é para isso que serve o voto!